Um pouco sobre o Folclore Brasileiro

 


O que é folclore?

É um conjunto de costumes, lendas, provérbios, manifestações artísticas em geral, preservado por um povo ou grupo populacional, por meio da tradição oral; populário. Ciência das tradições, dos usos e da arte popular de um país ou região;

 

 Os estudos sobre a cultura popular ficaram em evidência a partir do final do século XVIII, período em que a Europa estava passando por profundas transformações em diversos níveis da vida social. Em risco por conta do processo de evolução civilizatória, os valores e costumes representados pela cultura popular foram defendidos por intelectuais daquela época.

O inglês William John Thoms (1803-1885), pesquisador de etnologia, publicou uma carta aberta na Revista The Atheneum, em 22 de agosto de 1846, o termo folk-lore. "Folk" significa povo e "lore" pode ser traduzido como sabedoria popular.

O estudo do folclore, assim como suas variantes, rapidamente se espalhou nos círculos acadêmicos da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos. Segundo a Britannica, o termo folclore logo adquiriu uma disciplina formal de teorias e métodos de pesquisa, bem como um fórum para a troca de informações e idéias. A disciplina foi chamada de folclorismo.

 O folclore no Brasil

De acordo com o artigo de Gilmar da Rocha, os percursores dos estudos folclóricos no Brasil foram Sílvio Romero e Couto de Magalhães, entre outros, no fim do século XIX.

Na década de 1920, o folclore se tornou tema de interesse de diversos intelectuais brasileiros. Paulistas como Amadeu Amaral e Mário de Andrade são sempre vinculados aos estudos folclóricos no contexto do modernismo brasileiro.

Com a reforma ortográfica de 1934, que eliminou a letra k, a palavra perdeu também o hífen e tornou-se "folclore".

 

Algumas definições para folclore

·         Segundo a releitura da Carta do Folclore Brasileiro feita na oitava edição do Congresso Brasileiro de Folclore de 1995 (originalmente criada em 1951, na primeira edição do evento), o "folclore é o conjunto das criações culturais de uma comunidade, baseado nas suas tradições expressas individual ou coletivamente, representativo de sua identidade social.".

·         Segundo o livro "O que é folclore", de Carlos Rodrigues Brandão, a criação do folclore é individual. Alguém fez em um dia, de algum lugar. Contudo, sua reprodução ao longo do tempo tende a ser coletivizada e a autoria acaba no campo do “domínio público”.

·         No Dicionário do Folclore, de Câmara Cascudo, folclore é a cultura do popular que é tornada uma norma pela tradição.

·         Câmara Cascudo afirma que todos os países do mundo, raças, grupos humanos, famílias, classes profissionais, possuem um patrimônio de tradições que se transmite oralmente e é defendido e conservado pelo costume. Esse patrimônio é milenar e contemporâneo. Cresce com os conhecimentos diários desde que se integrem nos hábitos grupais, domésticos ou nacionais.

 

 

Características do folclore

O folclore tem relação direta com as tradições, lendas e crenças de uma comunidade, cidade, região ou país. Podemos identificar traços do folclore local na alimentação, seu modo de falar, costumes, crenças, artesanato, religião e vestuário.

Também podemos dizer que o folclore é o modo que um povo tem para compreender o mundo em que vive. Conhecendo o folclore de um local, podemos compreender o seu povo. Assim conhecemos, ao mesmo tempo, parte de sua história.

No entanto, para que costumes ou manifestações sejam considerados "folclore", é preciso que ocorra uma aceitação coletiva e tornar parte do patrimônio comum de um grupo.

 Segundo o seu conceito original, uma manifestação está dentro do domínio do folclore quando apresenta as seguintes características:

·         Tradicionalidade: sua transmissão é passada da geração mais velha para a mais nova.

·         Oralidade: no sentido simbólico, é transmitida por meio da palavra falada.

·         Autoria desconhecida: uma manifestação folclórica não tem um autor conhecido.

·         Funcionalidade: existe uma razão para acontecer.

·         Aceitação coletiva: há uma identificação de um grade número de pessoas.

·         Vulgaridade: geralmente acontece nas classes populares e não há apropriação pelas elites.

·         Espontaneidade: não pode ser oficial nem institucionalizado.

 Recentemente, por outro lado, alguns estudos sobre o folclore refutam a atribuição dessas características. Por exemplo, a tradicionalidade, oralidade e anonimato podem não são encontrados na literatura de cordel, em que o autor é identificado e a transmissão não é feita oralmente.

  

O que pode ser considerado folclore

O folclore abrange uma série de manifestações e artefatos da cultura popular:

·         Adivinhações

·         Apelidos de pessoas e de lugares

·         Artesanato

·         Brinquedos e brincadeiras infantis

·         Canções de ninar

·         Contos populares

·         Crendices e religiosidade

·         Danças

·         Desafios

·         Despedidas

·         Encantamentos

·         Encenações

·         Festejos tradicionais

·         Gírias

·         Juras

·         Lendas

·         Linguagem

·         Literatura oral

·         Maldições

·         Medicina popular

·         Mitos

·         Música e canções populares

·         Orações

·         Provérbios

·         Saudações

·         Usos e costumes

·         Trava-línguas

 Para facilitar o entendimento do assunto, podemos citar alguns exemplos de cultura popular algumas cenas do nosso cotidiano, tais como gestos, a maneira de chamar a atenção que usam os vendedores de rua, os símbolos, as receitas de comidas, os significados de bordados, alguns tipos de cercas e de casas e até mesmo maneiras de chamar e dar comandos aos animais.

Todas essas manifestações são muito próprias de cada cultura e podem ocorrer diferenças de acordo com a região.

  

Dia do Folclore (22 de agosto)

Durante as décadas de 1940 e 1950, o folclore era um tema em destaque no cenário cultural brasileiro.

A criação da Comissão Nacional de Folclore e a Campanha em Defesa do Folclore Brasileiro não deixam dúvida quanto à importância política deste tema em sua época. Considerando a importância crescente dos estudos e das pesquisas do folclore, em seus aspectos antropológico, social e artístico, foi criado o Dia do Folclore.

Criado pelo Decreto Federal nº 56.747/1965, o dia 22 de agosto foi escolhido para celebrar o folclore em todo o país. O objetivo era dar visibilidade aos movimentos populares.

(fonte: Biblioteca Virtual - http://www.bibliotecavirtual.sp.gov.br/temas/sao-paulo/cultura-e-folclore-paulista-o-que-e-folclore.php)

 

                                     




O folclore e Franklin Cascaes

Franklin Joaquim Cascaes nasceu na primavera, em 16 de outubro de 1908, na praia de Itaguaçu, no continente. Filho mais velho entre 12 irmãos, aprendeu desde pequeno os afazeres que garantiam o sustento da família. Além de lidar com o engenho de açúcar e de farinha de mandioca existente na propriedade, sabia fazer balaios, tipitis, cordas de cipó, cercas de bambu, remos, gererés, tarrafas...

 

Mas, entre todas as atividades e conhecimentos que dominava, o que mais gostava de fazer era rabiscar desenhos usando carvão, ou moldar bonecos imitativos das imagens dos altares e miniaturas de bichinhos de cerâmica feitos nas olarias. Também tinha grande curiosidade pelas histórias sobre bruxas:

 

 “Meus avós tiveram muitos escravos, era gente muito rica, moravam em Itaguaçu, ali no outro lado da baía Sul. Meus bisavós foram os primeiros colonos a chegar ali. Uns parentes tinham engenho de farinha; e meus pais tinham charqueado, porcos, redes e canoas, aquela coisarada toda. Eles tinham muitos trabalhadores e muitos escravos. Ainda encontrei toda aquela gente lá. Então fui ouvindo essas histórias todas e fui gostando, escutando...”

 Talento para as artes

O talento de Cascaes foi descoberto na Semana Santa de um ano qualquer da década de 20, quando a Praia de Itaguaçu ganhou uma série de esculturas, retratando a Via Sacra. O respeitado professor Cid da Rocha Amaral, diretor da Escola de Aprendizes e Artífices de Santa Catarina, ficou encantado com o que viu e quis conhecer o autor da proeza. Encontrou um adolescente tímido, que tivera uma rigorosa educação religiosa.

 

Franklin beirava os 20 anos e nunca havia entrado em uma sala de aula. Seu pai achava que estudar era algo delicado demais e que o homem de verdade tinha que trabalhar na roça. Vencida a resistência paterna, Franklin aproveitou o incentivo para recuperar o atraso e iniciar seus estudos, até que em 1941 tornou-se professor da antiga Escola Industrial de Florianópolis.

 

“Passei a empregar a arte que estudei. A nossa oficina era cheia de artes. Foi tudo jogado fora, não sobrou nada para contar a história. Na Segunda Guerra foi criada uma oficina para fazer material bélico e a nossa oficina foi jogada no lixo. Quase morri de paixão...”

 

Nos anos 1940, quando sua idade buscava fervorosamente a novidade e a modernidade invejada por outras cidades, Cascaes, ao contrário, como que pressentindo os novos tempos, correu – na contramão da história, em busca do passado e da tradição secular que começava a entrar no seu ocaso. No sentido contrário ao de seu tempo retornou ao mundo rural, muitas vezes acompanhado de sua amada mulher, Elizabeth.

 

Durante 40 anos, ele pesquisou diversos temas envolvendo o homem do litoral catarinense e as comunidades pesqueiras da Ilha de Santa Catarina, registrando tudo num trabalho quase arqueológico. Resgatou os fragmentos de uma tradição que já vinha se estilhaçando, com a chegada de um vento mais forte que o nosso vento sul: o do progresso. De forma quase solitária, trabalhou incansavelmente recolhendo as histórias, rabiscando a mitologia, desenhando as formas, moldando as figuras, e mostrando domínio nas várias artes. Só não foi condenado ao insucesso pela persistência teimosa e pelo sentimento de que lidava com o seu próprio passado e com uma tradição que amava.

 Preservando a cultura

 

Os presépios construídos por Franklin Cascaes, feitos com as folhas da piteira, e montados sob a lendária figueira da Praça 15 de Novembro, iniciaram uma tradição. “Seo Frankolino”, como o conheciam os pescadores, dizia:

 

“Tive que deformar o Barroco porque foi a única forma de dar graça àquela beleza rústica, a figura do colono açoriano. Tive que recriar o Barroco para poder representar as pessoas do interior da ilha. O homem está se destruindo. Ele pensa que é o senhor absoluto da Terra. Não é! Sobre ele está a natureza comandando, ele é exclusivamente um produto da natureza, como são as aves, como são os outros animais”.

 

“Tive a felicidade de ser um dos primeiros a penetrar no interior da Ilha de Santa Catarina, antes mesmo de terem lá chegado os massivos meios de comunicação. Em alguns lugares não havia instalação elétrica, nem estradas, o que fazia com que as comunidades vivessem um mundo próprio, longe das influências dos centros urbanos, permitindo que suas vivências e manifestações se mantivessem livres de alterações provocadas por agentes externos”, dizia.

 

A pesquisa de Franklin Cascaes resultou em 42 conjuntos temáticos formados por esculturas de pequeno porte representativas de figuras, ferramentas, instrumentos, utensílios e também maquetes de engenhos de farinha, rancho de pescadores e outros objetos confeccionados em diferentes materiais. Além das esculturas, o artista deixou mais de 1500 desenhos e centenas de anotações, além de recortes de jornais, cadernos dos tempos da escola, entre outros documentos.

 

De forma detalhada, Cascaes registrou costumes, crenças e tradições e características populares referentes à vida dos colonos que habitaram a Ilha de Santa Catarina. Sua arte e sua genialidade são uma das maiores contribuições para o resgate e preservação da identidade cultural do município de Florianópolis. O acervo deixado pelo artista encontra-se hoje no Museu Universitário Professor Oswaldo Rodrigues Cabral, da UFSC, numa coleção que leva o nome de sua esposa, a Professora Elizabeth Pavan Cascaes,

 

O nome da Fundação Cultural de Florianópolis é uma justa homenagem a esse artista catarinense,  pesquisador, ecologista, e folclorista, que dedicou parte de sua vida ao registro das tradições, lendas, usos e costumes dos moradores da Ilha de Santa Catarina. Franklin Cascaes faleceu na tarde chuvosa do dia 15 de março, no final do verão de 1983. 

 

Franklin Joaquim Cascaes

* 16/10/1908

+ 15/03/1983

 

(FONTE: http://www.pmf.sc.gov.br/entidades/franklincascaes/index.php?cms=franklin+cascaes&menu=1&submenuid=sobre )

Saiba Mais no vídeo:

https://www.youtube.com/watch?v=MfstW8CzDww

 

 

                                          

 

PROCURE SABER TAMBÉM SOBRE:

1.       Lucas A. Boiteux

2.       DORALÉCIO SOARES

3.       Nereu do Vale Pereira

4.       Câmara Cascudo

 

 ASSISTA COM OS ALUNOS –

Lendas do Brasil

https://cultura.culturamix.com/curiosidades/apresentacao-do-folclore-video

Lendas das Ilhas Itacolomi

https://www.youtube.com/watch?v=d-FsEPFP9UA

 

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Estudos sobre Folclore:

         Geografia dos Mitos Brasileiros – Luís da Câmara Cascudo;

         Lendas e Causos de Santa Catarina – Isabel Mir Brandt e Maria José Ribeiro;

         Lendas e Personagens – Nereide Schilaro Santa Rosa;

         Folclore: Danças e ritmos do Brasil;

         Festas Populares - Folk Festivals – Gabriel Boieras, Luciana Cattoni, Marco Antônio Sá;

         Os Doze Cantos do Brasil – Johan Dalgas Frisch, Christian Dalgas Frisch;

         O Grande Livro do Folclore – Carlos Felipe;

         O Armazém do Folclore – Ricardo Azevedo;

         O Folclore na Escola – M. de Lourdes Borges Ribeiro;

         Antologia do Folclore Brasileiro – Luís da Câmara Cascudo;

         Folclore Catarinense – Doralécio Soares;

         Narrativas Absurdas: Verdades contadas por um Mentiroso – Gelci José Coelho (Peninha);

         O Fantástico na Ilha de Santa Catarina – Franklin Cascaes

 

 

Folclore na Região

         Divino Espírito Santo – O império da Fé – Vilmar Carneiro

         Açorianos de Lá e de Cá -  Cláudio Bersi de Souza

         Quirino – o Marido da Bilica – Gilberto Cardozo;

         Tia Bilica – Gilberto Cardozo;

         Franklin Bento – Pedro Bersi;

 

Literatura Infanto-Juvenil sobre Folclore

         O Saci que Queria Ser Gente – Nanci Cristina S. dos Santos;

         Olê, Olê Olá! A Bernuncinha Vai Passar! – Fábio Aurélio Castilho;

         A Festa do Boi – Carmen Lucia Campos;

         Planeta Natureza Serena – Angela La Rosa;

         Balneário Piçarras – As Lendas – Luiz Ferreira;

         Lendas da Amazônia – Zeneida Lima de Araújo;

         Lendas Brasileiras para jovens – Luís da Câmara Cascudo;

         Brasil-Folião – Fátima Miguez;

         O Jogo da Parlenda – Heloisa Prieto;

         A Matinta Perera – Bartolomeu Campos de Queirós;

         Festas – O Folclore do Mestre André – Marcelo Xavier;

         Antônio e o Boi – Tábata Torres / ilustrações de Lelê Lou

 

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