Conheça a história da Chama Olímpica e de seu revezamento em tochas
Símbolo dos Jogos Olímpicos da Modernidade, a Chama Olímpica faz parte de um ritual realizado desde a Grécia Antiga. O fogo sempre teve caráter sagrado para os gregos: para eles, a história humana começa a partir da desobediência do titã Prometeu, que contrariou a ordem de Zeus, o deus supremo, e roubou os fogos dos deuses para dar aos homens, junto com as ciências e artes.
O fogo permanecia aceso nos altares de seus principais
templos, como o Templo de Hera, que recebia as competições dos Jogos Olímpicos
na Antiguidade.
No passado, raios solares acendiam uma chama em uma pira de
Olímpia, cidade que fica a 300 quilômetros da capital Atena. A técnica
utilizada pelas sacerdotisas do templo para acender o chamado “fogo puro”
requeria o uso da skaphia, uma espécie de espelho côncavo que converge a luz do
sol em um só lugar. O rito simbolizava, então, a devolução do elemento divino
ao deus mais poderoso para os gregos.
Uma tradição antiga que remonta às origens do revezamento da
tocha era o envio de mensageiros a todas as cidades da Grécia Antiga, com a
missão de anunciar a data de início dos Jogos. Junto com o anúncio era
proclamada a trégua olímpica, que começava um mês antes do evento e se estendia
até o fim das competições. Neste período, as guerras eram interrompidas para
garantir o envolvimento de atletas e espectadores nos Jogos. Hoje, o trajeto
também serve para anunciar que os Jogos estão chegando.
Um dos momentos mais marcantes da história do fogo olímpico aconteceu em 1964, durante os Jogos de Tóquio. O jovem japonês Yoshinori Sakai, que nasceu em Hiroshima no dia 6 de agosto de 1945, exatamente na hora em que a bomba nuclear devastou a cidade, foi o responsável por acender a pira. Ao longo dos anos, a Chama Olímpica se consolidou como símbolo de paz, união e amizades entre os povos.
De volta às origens
De acordo com a Carta Olímpica, em sua Regra 54, o Comitê
Organizador Local é responsável por trazer o fogo até o Estádio Olímpico da
cidade-sede - no Rio de Janeiro, será o Maracanã. O cerimonial atual prevê que
uma atriz grega, interpretando a sacerdotisa dos tempos antigos, use uma lente
para refletir os raios de Sol e acenda a chama em frente às ruínas do templo de
Hera. Esta cerimônia está marcada para amanhã (21), ao meio-dia, no horário
local (6h, pelo horário de Brasília).
Depois de aceso, a atriz Katerina Lehou levará o fogo até o
Estádio Olímpico de Atenas. O primeiro atleta a recebê-la será o ginasta grego
Eleftherios Petrounias, campeão mundial nas argolas. Petrounias irá iniciar o
revezamento, passando o fogo para o primeiro brasileiro a conduzi-lo: o
bicampeão olímpico no vôlei em Barcelona 1992 e Atenas 2004, o ex-jogador
Giovane Gávio. O símbolo viajará pela Grécia por seis dias, sendo levado por
450 pessoas – entre eles um refugiado sírio asilado no país, que conduzirá a
tocha em nome daqueles que foram forçados a deixar seus países – e percorrendo
cerca de 2.234 quilômetros.
O último local do percurso grego da tocha é o antigo estádio
Panathinaiko, sede da primeira edição dos Jogos Olímpicos da era moderna, em
1896. Transportado de Olímpia até o Brasil – em um recipiente hermeticamente
fechado usado para os deslocamentos de avião – o fogo começa a cruzar o país no
dia 3 de maio, partindo de Brasília. Mais de 300 cidades fazem parte do trajeto
(clique aqui para ver a lista completa), com 12 mil condutores, entre pessoas
comuns, celebridades, atletas e ex-atletas, sendo vedada a participação de
ocupante ou candidato a cargos ou mandatos eletivos. As pessoas que carregarão
a tocha foram escolhidas por alguns dos patrocinadores dos Jogos, que receberam
indicações de candidatos com histórias
de vida que refletem os valores
olímpicos.
Chama que não se apaga
A cada edição, diferentes tecnologias são empregadas para
evitar que a chama se apague debaixo de chuva, por falta de combustível ou
outra intempérie. Por garantia, ainda na Grécia, a equipe organizadora já
acende uma chama reserva dias antes da chama principal nascer. O objetivo é
evitar que um dia nublado estrague a festa, apague o fogo e haja dificuldade em
acender o fogo, mesmo com a utilização de lentes especiais.
Da mesma forma, em cada cidade-sede, o comitê local mantém
uma chama reserva para eventualidades. Em seu deslocamento nestes anos, o fogo
olímpico já cruzou o Canal da Mancha de navio, enfrentou a neve, mergulhou até
a Grande Barreira de Corais, na Austrália, chegou ao espaço, andou de cavalo e
camelo e viajou em canoas indígenas.
(FONTE: Edição: Luana Lourenço
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